Literatura Inglesa e Norte Americana
Elcio Eiko Brandão
Eron Kojiro
RGM: 23077646 Turma: 7N1
Poemas escolhidos:
perhaps
i don’t deserve
nice things
cause i am paying
for sins i don’t
remember
you have sadness
living in places
sadness shouldn’t live
INTERTEXTO:
O primeiro poema me fez lembrar de duas passagens, uma sobre o Evangelho segundo O Espiritismo, que fala um pouco sobre como a gente vem para a terra "pagar nossas dívidas", a partir da página 86.
O Evangelho segundo O Espiritismo
A segunda é do Livro dos Espíritos que explica porque não trazemos lembranças de uma encarnação para a outra na pergunta número 392, Esquecimento do Passado, página 209.
Acredito ser muito curioso o fato de que passamos por algumas coisas sem entender de forma nenhuma a razão e nessa perspectiva do espiritismo pode trazer algum tipo de sentido, embora, sempre fosse um ponto de enorme atrito entre mim e a religião.
O segundo poema me faz lembrar do poema mais intenso sobre depressão que já escutei e li até hoje: Explaining My Depression to My Mother: A Conversation by Sabrina Benaim.
Em seu poema ela tenta mostrar, já que é diferente pra cada pessoa, como é angustiante, solitário, desesperador e confuso passar por isso e como você sente coisas, incluindo uma carga brutal de tristeza, morando em lugares dentro do seu corpo, que não deveriam estar, na verdade.
A transcrição dele você pode encontrar em muitos sites na internet, mas deixo aqui o vídeo da própria autora declamando:
Sabrina Benaim - Explaining My Depression to My Mother
Juntando um pouco de cada um eu escrevi algo, não sei se pode ser chamado de poema, mas nele deixo as evidências do que tenho feito a mim mesmo pelos últimos anos, uso apenas a expressão "últimos anos", porque de fato não sei por quanto tempo tenho feito isso.
Generalised Depression by Shawn Coss |
Mutilação Emocional
Querido Deus,
Ultimamente não
tenho tido mais forças
Você sabe, perdi
a conta dos dias
Em que vi a
chegada dos raios de sol
Pois os
turbilhões de pensamentos a cada minuto me impediram de aproveitar a escuridão
da noite
Em que o mais profundo da minha existência se contorcia de dor aqui dentro, chorando
Mas eu nunca
puder contar pra ninguém, pois sempre estive sozinho
Em que olhei pra
dentro e não avistei nada, nem ninguém
Os sentimentos
que projeto aqui fora... estão completamente vazios
A propósito, quando choro, fico na tola esperança de que meu corpo está eliminando as coisas ruins de dentro de mim
Mas era só mais uma ferida se abrindo ou as que já existem aumentando
Já sentiu as dores? De uma dessas se abrindo ou aumentando?
Eu sempre fico a desejar a morte no lugar...
Mas eu quero tanto viver... Tanto...
E chego a implorar ao senhor, com a força de cada fibra do meu ser
Que a dor passasse
Que o vazio preenchesse
Que os buracos e feridas parassem de sangrar e fechassem
Eu sequer
consigo me lembrar de quando esse vazio se instalou
Talvez tenha
sido ali aos 7 quando fui jogado dentro daquela lixeira
Por que não tive
irmãos que me ajudaram e só riram?
Por que não tive
um pai que me protegesse e só disse que devia parar de frescura?
A propósito,
quando foi que ele começou a odiar a família que ele construiu e decidiu entrar
em outra?
Será que foi quando eu e meus irmãos nos tornamos uma decepção pra ele?
Deus, por que eu
não pude nascer e ser como os outros garotos?
Pra que tamanha
diferença?
Deus...
Quando riam da aparência
desse corpo...
Quando apontava
para o seco e o rachado espalhado ao longo da minha pele...
Quando me
chamavam daquilo que reconheço hoje, mas aos 7 não fazia ideia do que
significava
Onde o senhor
estava?
Tudo o que tem
me sobrado são buracos vazios espalhados pelo meu espirito
Eu sinto como se
fosse uma doença terminal
Que vem me matando de dentro pra fora, lenta e torturosamente sem nunca chegar lá...
Esses são os
buracos da minha existência passada que continuaram abertos?
Eles são as
memórias que me arrancou e me jogou aqui novamente com as feridas abertas?
Eu não consigo
mais respirar sem sentir o ardor profundo de cada um deles
E pra tentar
esquecer da dor deles, penso em sentir dor aqui do lado de fora
E penso com
muita força, todo dia, o tempo inteiro, o senhor sabe, com certeza
Até fui impedido
quando as lâminas chegaram tão perto da minha pele
Logo depois
daquela aula e minha professora nunca soube, por mais que ela tenha tentado me
acessar
Como não pude
seguir com um auto ataque do lado de fora
Sigo nesse
processo de mutilação emocional
Arrancando
pedaço a pedaço e os deixando pelo caminho
Mas ninguém pode
ver os cortes internos, que não se limitam aos meus pulsos
E quem sabe de
tanto abrir mais e mais os buracos e as feridas
Eu não desmaie
com a dor e pergunte pessoalmente
Por que foi tão
cruel e deixou sua criança ferida de tal forma
Onde estava e
por que não impediu?
Se és tanto
amor, onde ele estava?
Anxiety disorder by Shawn Coss |
Mas talvez esse
seja o pagamento
Por tudo o que
fiz e não lembro
Então vou continuar
a me mutilar
Sem que ninguém possa
ver
Sem que ninguém
possa perceber
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