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quarta-feira, 10 de maio de 2023

BRENNO ARRUDA - RGM 24536806



neither of us is happy

but neither of us want to leave

so we keep braking one another

and calling it love

(Rupi Kaur)

 

O poema escolhido acima retrata um relacionamento em que os pares estão desconexos, mesmo assim não conseguem se desvincular um do outro. Muitas vezes nossas sensações podem soar contraditórias, pois não é fácil lidar com a profundidade dos sentimentos, principalmente quando se trata do amor romântico de casal. Talvez seja por isso que Rupi afirma no poema que a dor é chamada/confundida com amor, mas não seriam as duas coisas indissociáveis?

A intertextualidade por mim sugerida se reflete na canção “Elefante na sala”, da cantora e compositora Joyce Alane. Conforme é possível perceber na canção, também fica retratado um casal que não consegue mais se conectar, que aparentemente vive bem, mas que cada um sente e sabe que o relacionamento não funciona mais. A sensação angustiante de conviver com a carga emocional de não se sentir mais pertencente ao outro vem acompanhada da contraposição das emoções que envolvem estar em um relacionamento amoroso. Segue a letra da canção:

 Link para ouvir a canção

ELEFANTE NA SALA (Joyce Alane)

Segue a vida
As mesmas mentiras
Me parece
Faca de dois gumes
Que sempre me fere

Lindo na vitrine
Assim ninguém percebe
A gente sabe
Mas ninguém percebe

E esse elefante na sala
Que ninguém fala nada
E essa parede invisível
Que parece muralha

As vezes, quase sempre
Se faz encruzilhada
E lentamente esse peso
É uma carga de mil toneladas

Ah, dói no peito a ferida
E ninguém sabe
Que aqui é um lugar
Que não me cabe

Debaixo do tapete, a verdade
Queria querer ficar
Mas tenho que ir embora
Sabe?

É isso
Eu acho que admito
Foi confortável me paralisar
Mas mudei o disco
Eu sou grande e mereço
Quem não culpe velhos traumas
Pra me maltratar


Para finalizar, trago um texto de minha autoria, que retrata um pouco dessa confusão que é se permitir ser e sentir. Não sou muito bom com as palavras, mas espero que a ideia seja compreendida.


 AMA-DOR

 Sempre acreditei na dualidade do universo, mas é tão mais fácil falar sobre ela do que vivenciá-la.

Pra que exista o bem é necessário existir o mal. Não temos a noção do que é ser feliz se não tivermos o parâmetro do que é a tristeza. O calor do verão é muito mais apreciado após a passagem do inverno gelado…

Mas, quando tratamos de amor, queremos rejeitar essa dualidade, mesmo não tendo como. O amor e a dor andam sempre de mãos dadas. É a regra do universo.

 

Amar é dar a alguém o poder de te machucar.

Ser amado é quando essa pessoa pra quem você deu este poder resolve não usá-lo contra você.

 

Estranho sentir o alívio e a angústia de receber as seguintes palavras:

“Estou liberto na prisão do meu esconderijo: lá ‘aonde’ meu grito é silencioso e meu calar é ensurdecedor”

 

E assim seguimos ao permanecer nesse confuso paradoxo que é a vida!

(Brenno Arruda)

 

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