neither of us
is happy
but neither
of us want to leave
so we keep
braking one another
and calling
it love
(Rupi Kaur)
O poema escolhido acima retrata um relacionamento em que os pares estão desconexos, mesmo assim não conseguem se desvincular um do outro. Muitas vezes nossas sensações podem soar contraditórias, pois não é fácil lidar com a profundidade dos sentimentos, principalmente quando se trata do amor romântico de casal. Talvez seja por isso que Rupi afirma no poema que a dor é chamada/confundida com amor, mas não seriam as duas coisas indissociáveis?
A intertextualidade por mim sugerida se reflete na canção “Elefante
na sala”, da cantora e compositora Joyce Alane. Conforme é possível perceber na
canção, também fica retratado um casal que não consegue mais se conectar, que
aparentemente vive bem, mas que cada um sente e sabe que o relacionamento não
funciona mais. A sensação angustiante de conviver com a carga emocional de não se
sentir mais pertencente ao outro vem acompanhada da contraposição das emoções
que envolvem estar em um relacionamento amoroso. Segue a letra da canção:
ELEFANTE NA SALA (Joyce Alane)
Segue a vida
As mesmas mentiras
Me parece
Faca de dois gumes
Que sempre me fere
Lindo na vitrine
Assim ninguém percebe
A gente sabe
Mas ninguém percebe
E esse elefante na sala
Que ninguém fala nada
E essa parede invisível
Que parece muralha
As vezes, quase sempre
Se faz encruzilhada
E lentamente esse peso
É uma carga de mil toneladas
Ah, dói no peito a ferida
E ninguém sabe
Que aqui é um lugar
Que não me cabe
Debaixo do tapete, a verdade
Queria querer ficar
Mas tenho que ir embora
Sabe?
É isso
Eu acho que admito
Foi confortável me paralisar
Mas mudei o disco
Eu sou grande e mereço
Quem não culpe velhos traumas
Pra me maltratar
Para finalizar, trago um texto de minha autoria, que retrata um pouco dessa confusão que é se permitir ser e sentir. Não sou muito bom com as palavras, mas espero que a ideia seja compreendida.
Pra que exista o bem é necessário existir o mal. Não
temos a noção do que é ser feliz se não tivermos o parâmetro do que é a
tristeza. O calor do verão é muito mais apreciado após a passagem do inverno
gelado…
Mas, quando tratamos de amor, queremos rejeitar essa
dualidade, mesmo não tendo como. O amor e a dor andam sempre de mãos dadas. É a
regra do universo.
Amar é dar a alguém o poder de te machucar.
Ser amado é quando essa pessoa pra quem você deu este
poder resolve não usá-lo contra você.
Estranho sentir o alívio e a angústia de receber as
seguintes palavras:
“Estou liberto na prisão do meu esconderijo: lá ‘aonde’ meu grito é silencioso e meu calar é ensurdecedor”
E assim seguimos ao permanecer nesse confuso paradoxo
que é a vida!
(Brenno Arruda)
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